segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Católicos, Evangélicos e a Trindade

 Pr. Paulo David
Sabemos que a maioria dos ditos "Evangélicos" acreditam que Deus seja uma trindade de pessoas, assim como os católicos acreditam, mas isso não é consenso, nunca foi, nem nunca será. Esse predomínio trinitário, é sem sombra de dúvida, influência do próprio catolicismo, isso provavelmente devido ao fato de que a Reforma Protestante ter sido um movimento que saiu de dentro da própria igreja católica, e portanto acabou por preservar muitas das crenças desta igreja. Um exemplo disso é o caso do batismo infantil, mantido pelos Luteranos, Reformados calvinistas, hoje representados pelos Presbiterianos, Anglicanos e Metodistas, estes últimos, saídos do Anglicanismo. Mas desde o início até o tempo do Concílio de Nicéia, onde esse dogma católico foi oficializado e imposto à toda cristandade, não houve uma plena aceitação, isso porque essa crença, assemelhava-se em muito as crenças às divindades tríades do paganismo romano, isto foi visto por muitos, como um desvio, uma influência pagã naquele concílio. Sabemos que este concílio foi convocado pelo Imperador Romano, e imposto pelo Império à igreja, a elaboração do conceito de trindade de pessoas na divindade para explicar a relação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo foi portanto, o início da apostasia daquela igreja, que seria seguida do culto a outras entidades, como os santos e à vírgem, a crença no purgatório, o sacrifício da missa, culminando como sabemos na venda de indulgências, para o perdão de pecados, anulando a fé no sacrifício de Cristo, esse último acabou por ser o estopim da Reforma Protestante. A própria igreja se organizaria de forma hierárquica, elevando o Bispo de Roma à condição de Papa, um imperador Romano dentro da igreja. A isso, como você sabe, chamamos: Sincretismo Religioso. Até a formula utilizada no batismo, que era praticado pelos apóstolos no livro de Atos, em nome do Senhor Jesus, foi gradativamente mudada para os títulos Pai, Filho e Espírito Santo, sendo que para os apóstolos, o nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, era o nome do Senhor Jesus Cristo, pois o ensino apostólico sobre Deus era o mesmo que o Povo de Israel havia recebido: Deuteronômio 6:4 "Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR.". Os apóstolos criam e ensinavam que Jesus era a encarnação da Divindade, João 1:1-14; Filipenses 2:5-11, que por ocasião da encarnação havia tornado-se, na dimensão terrena, também um homem, nessa condição Jesus foi chamado O Filho de Deus. I Timóteo 2:5 "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem."Em nenhum lugar nas Escrituras e especialmente no Novo Testamento encontramos essa concepção de que exista um Deus Pai, um Deus Filho e um Deus Espírito Santo, numa Trindade de Pessoas dentro da divindade. Onde na bíblia encontramos a expressão: DEUS FILHO? Encontramos sim, FILHO DE DEUS. Sim de fato Jesus é Deus, o Pai da Eternidade como afirma Isaías 9:6 "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.", mas por ocasião da encarnação, repito, assumiu uma condição humana, totalmente humana, verdadeiramente humana, distinguindo-se totalmente de sua natureza divina. Assim continuamos a ter um único Deus, em duas realidades de existência, uma divina e uma humana, poderíamos até afirmar que havia duas pessoas, mas uma divina e uma humana, ainda que a humana veio da divina e só se distingue desta por causa da encarnação. O mesmo entendemos do Espírito Santo, o que procurei explicar no texto em questão. Mas como disse anteriormente, a maioria dos "evangélicos" protestantes e 2/3 dos pentecostais mantiveram a crença na trindade e muitas outras doutrinas vindas do catolicismo, e até, no caso destes últimos, doutrinas vindas do "espiritismo", chegando a considerarem heresia, não acreditar na trindade de pessoas na divindade. Assim de um lado temos as Escrituras, ou teologia bíblica e de outro temos a teologia derivada dos concílios católicos e mantidas pela Reforma Protestante. Quem conhece um pouco de história sabe que a Igreja Católica Romana é muito diferente da igreja dos dias dos apóstolos, esta era, em sua natureza, uma comunidade de fiéis, unidos na fé em Cristo, sendo guiados pelo seu Espírito, mais tarde por influência do próprio Império Romano, a maior parte da igreja aceitou a sua institucionalização, aquilo que era um organismo vivo transformou-se em uma organização hierarquizada e comandada por homens. Infelizmente a Reforma rompeu com a igreja católica mas nunca conseguiu se livrar inteiramente da romanização da igreja.

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