Paulo David
Denunciar as injustiças do capitalismos não faz do cristão e nem da igreja cristã comunista.
Criticar o capitalismo não implica em querer implantar algum tipo de Marxismo em seu lugar, mesmo porque, até mesmo o “comunismo” de Marx e suas contradições, mostrou-se vulnerável à sedução do capitalismo.
A grande verdade é que nunca haverá nesse mundo um sistema de governo humano imune à corrupção que se encontra no coração do próprio homem.Governos humanos, quer políticos, quer religiosos, já carregam em si a própria essência do pecado.
Homens que foram libertos do poder do pecado não querem governar outros homens.Assim, os textos citados como referencia nesse artigo não foram tirados do Manifesto Comunista, ou de algum escrito de Marx, Lenin ou algum outro escritor marxista, mas foram tirados do Novo Testamento.
Outro aspecto que preciso esclarecer é que o que tento expor nesse artigo não se aplica a todos os cristãos, nem a todas as comunidades de fé, nem a todos àqueles que em sinceridade e humildade, anunciam a palavra de Deus.
Por outro lado, falarei da realidade de uma maioria cada vez mais crescente, daí a gravidade e urgência do que tenho para dizer
É compreensível que muitos daqueles que irão fazer essa leitura não estejam familiarizados com as passagens citadas, já que pouco ou quase nada é ensinado sobre estas nos dias atuais.Esse fato, a ausência de se falar nessas passagens, deveria parece a todos nós algo assustador, mas infelizmente não é. Ao mesmo tempo, torna-se um fenômeno compreensível, afinal de contas, grande parte da liderança religiosa do cristianismo de hoje, associada indevidamente à interesses de poder, tanto políticos como econômicos, desde sempre, vem sistematicamente promovendo teorias da conspiração contra “ameaças tenebrosas”, que na idade média por exemplo eram “os bárbaros” e mais contemporaneamente, desde os tempos da guerra fria, passou a ser o comunismo. Esse seria nos dias finais, o sistema que o anticristo implantaria no mundo, daí esse medo paranoico que muitos “crentes” tem do comunismo...Mas convenientemente, não do capitalismo.
Será que nós como cristãos nunca lemos nos Evangelhos que no mundo teríamos aflições, que o mundo nos odeia e que a perseguição, a perda de bens e até a morte sempre foram possibilidades na vida daqueles “que não são desse mundo”. Ainda que o comunismo fosse uma possibilidade em nossos dias, e não é, visto que o capitalismo financeiro se estabeleceu em todo o mundo, até mesmo em países que se auto proclamam comunistas, não encontramos nenhuma advertência no Novo Testamento aos perigos à nossa fé de algum sistema político, ideológico e econômico parecidos com o “comunismo”.
O comuníssimo não é o verdadeiro inimigo da igreja, nem a verdadeira ameaça à fé em Cristo!Ao lermos os evangelhos e todo o Novo Testamento, nos ensinos de Jesus e dos apóstolos, encontramos sim, advertências claras aos perigos de algo que mais se parece com o atual capitalismo do que com o que Marx erroneamente preconizou que se estabeleceria no mundo, o que de fato mostrou-se equivocado, tanto que desapareceu.
]O que encontramos no Novo Testamento são inúmeras advertências contra o perigo real do amor ao dinheiro e a sedução do poder, correntes que prendem os homens a este mundo e que coincidentemente são promovidos não pelo comunismo e sim pelo capitalismo.Essa mudança de foco é mais uma das artimanhas de Satanás e tem funcionado como uma cortina de fumaça que busca esconder o que espiritualmente está acontecendo ao cristianismo institucional. Hoje na grande maioria dos púlpitos (não em todos) a pregação do evangelho tem sido substituída pela promoção do sucesso, prega-se a busca de poder e riquezas, inerentes do capitalismo, isso porque os próprios pregadores deixaram-se seduzir pelos encantos do capitalismo, e acabaram eles mesmos, se tornando ricos, poderosos e influentes politicamente no mundo, daí justificarem sua própria situação, que na realidade é de decadência espiritual, com esse tipo de pregação e ensino, promovendo o que Jesus condenou.
Ainda que isso não se aplica a todos, pois Deus sempre conserva um pequeno remanescente “que não se dobrou a baal”, essa é uma realidade crescente, especialmente no meio neo pentecostal, onde prosperidade e poder são prometidos em repetitivas campanhas, com nomes bíblicos sensacionalistas, campanha das doze tribos, dos trezentos de Gideão, dos 144 mil e por aí vai, tudo isso regado a um ambiente de forte apelo emocional, de adoração musical, ofertas generosas e obediência cega a seus líderes, sejam estes chamados de pastor, bispo, apóstolo, patriarca e não vai demorar muito, surgirá o título de vice-deus.
Essa hierarquização eclesiástica de poder é uma herança romana do início do declínio espiritual da igreja e que deu origem, na idade média, à primeira denominação religiosa cristã, a mãe de todas as demais denominações.
É justamente esse plano de carreira eclesiástica que motiva muitos dentro das denominações religiosas a servirem seus superiores hierárquicos, trabalhando para agradar o homem e para o crescimento de suas denominações, e não apenas para o crescimento do Reino de Deus.
Está busca de reconhecimento e de proeminência é algo que por sua vez, alimenta o ego humano e reforça a própria natureza do pecado, o desejo de governar os outros, essa tendência da natureza pecaminosa do homem foi condenada por Jesus e não demorou muito, apareceu logo no início da igreja.
No livro de Apocalipse, nas cartas às 7 igrejas, essa atitude é chamada por Cristo de “obras dos Nicoilaítas”, que acabou evoluindo para “doutrina dos Nicoítas”, e se manifestou e continua manifestando até hoje na tendência de se fazer discípulos para si e não para Cristo, o que resultou na divisão da igreja e no denominacionalismo religioso.Essa é a razão que faz com que muitos crentes se submetam servilmente a seus líderes, o desejo de um dia submeter outros a si mesmo, o que se opõe ao ensino de Cristo em Mateus 20: 25.
Então Jesus chamou-os a si e disse: Bem sabeis que os governadores dos gentios os dominam e que os grandes exercem autoridade sobre eles. 26. Não será assim entre vós. Pelo contrário, todo aquele que entre vós quiser tornar-se grande seja vosso servo, 27. e quem quiser ser o primeiro seja vosso escravo — 28. tal como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.
Toda essa busca de interesses pessoais, competição entre irmãos e busca pelo poder, encontra naturalização, incentivo e louvor dentro do capitalismo.O que estou tentando demonstrar é que ao adaptar-se ao espírito do capitalismo, o cristianismo abandonou sua essência em torno da pessoa e obra de Cristo, bem como pregação do evangelho do reino, que resgata e liberta o homem do poder do pecado e do engano desse mundo, pondo no lugar um outro evangelho, antropocêntrico, que na prática põe na boca de Jesus as promessas de Satanás, feitas por este ao Senhor, na tentação do deserto em Mateus 4: 8.
“Levou-o novamente o Diabo a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. 9. E lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.”Não tenho nenhuma dúvida que a apostasia na qual falou o apóstolo Paulo refere-se ao que estamos vendo na maior parte do cristianismo de hoje.Este cristianismo secular, enquanto instituição religiosa, é hoje, sem sombra de dúvidas, a besta que subiu da terra de apocalipse 13:11.
Um monstro que tem aparência de cordeiro mas fala como o Dragão e que engana os que habitam sobre a terra e os levam a adorar a primeira besta, os governos e o sistema deste mundo.