quinta-feira, 22 de abril de 2021

666: A MARCA DA BESTA




Paulo David
Nos primeiros séculos os cristãos foram duramente perseguidos pelos Imperadores romanos, algo que nos chama a atenção, já que em geral, a política do Império romano era de relativa tolerância em relação as religiões dos povos conquistados.
Para entendermos a razão política-ideológica desta forte perseguição, temos que considerar, antes de tudo, que a fé cristã em si, na visão dos imperadores romanos, confrontava e ameaçava o Império em seus três principais fundamentos, o primeiro era o culto ao imperador, negado evidentemente pelos cristãos, que tinham em Jesus Cristo seu único Senhor, o segundo fundamento era a questão da escravidão, base de sustentação da economia do Império, mas totalmente antagônica a fé cristã que pregava a libertação e a igualdade entre todos os homens, o terceiro fundamento era o uso da espada, graças às guerras o império transformara-se no mais poderoso império da antiguidade, mas para os cristãos, o Reino de Deus era um reino de Paz.
Se a fé cristã viesse a se espalhar, os fundamentos do Império certamente seriam abalados.
Foram três séculos de violentas perseguições, o que contraditoriamente só contribuiu para o avanço do evangelho de Cristo e o enfraquecimento do Império.
“O sangue dos mártires era a semente da igreja e do Reino de Deus”.
Diante dessa situação, no quarto século levantar-se-ia um imperador de nome Constantino que mudaria radicalmente a estratégia do Império em relação aos cristão. Em 313 ele publica o édito de Milão, proibindo a perseguição aos cristãos, iniciando assim uma política que visava trazer os cristãos para o lado do Império.
Essa politica iniciada por Constantino e completada por Teodosio, acabaria por fazer do cristianismo a religião oficial do Império Romano e única que seria aceitável por este, nascia assim a Igreja Católica Apostólica Romana, o que contribuiria para a cristianização do Império, mas também, infelizmente, para a romanização da igreja.
Iniciava-se assim a apostasia da igreja e os fundamentos da fé cristã seriam gradativamente modificados.
Diante disso, muitos cristão que permaneceram fiéis aos ensinos de Cristo e dos apóstolos, se afastariam da igreja institucionalizada, deixando de se reunir com está.
Eram os desigrejados daquele tempo, os chamados hereges.
Uma nova perseguição começaria.
A partir daí haveria não mais uma, mas duas igrejas, uma falsa, outra verdadeira, uma, a igreja do homem, a outra, a igreja de Deus, uma unida ao estado, amante de governantes, rica e poderosa, hierarquizada pela disputa interna de poder, justificando e apoiando à escravidão em todas as suas formas e o uso das armas e a guerra, e a outra, sujeita apenas ao senhorio de Cristo, crendo na igualdade e na liberdade em Cristo, dada a todos os homens, guiada pelo Espírito de Cristo e tendo na palavra de Deus e no escudo da fé suas únicas armas.
Uma perseguidora, a outra, perseguida.
Ao lermos o livro de apocalipse vemos tudo isso que aconteceu sendo revelado diante mão à João, que viveu no tempo da grande perseguição e que terminou sua vida exilado na ilha de Patmos por causa dessa perseguição.
Essa futura união da igreja com o império romano, reveladas a João, e o surgimento de duas igrejas, uma falsa e outra verdadeira, aparecem claramente no capítulo 12, a igreja verdadeira e no capítulo 18, a igreja falsa. Leia esses dois capítulos.
Mas o que mais me chama a atenção é o que encontramos no capítulo 13 de apocalipse, no verso 18, ali Deus dá a João uma chave profética para entender a natureza da a apostasia que aconteceria.
Deus da um número para identificar a besta, o espírito do anticristo. Esse número revelado é 666.
É dito a João que era um número de um homem. Lembremos que João havia sido exilado a mando de um Imperador romano, provavelmente Domiciano.
Mas foi antes, a partir de Nero César que o Império romano começara efetivamente a perseguir sistemática e violentamente os cristãos.
Nero odiava os cristãos, especialmente por estes não o consideravam um ser divino.
Por isso o nome NERO CÉSAR tem no livro de apocalipse um significado profético muito grande.
A somatória das letras de seu nome e título divino é de fato 666.
Era comum na cultura daqueles povos os nomes terem um equivalente númerico. Por isso era claro para os primeiros cristãos, ao lerem o livro de apocalipse que 666 se referia a NERO CÉSAR, mas não a pessoa de Nero especificamente e sim ao que este nome representava.
O que Deus estava revelando a João e a nós, com esse nome e número profético, era que a marca, o número e o nome da besta estavam de alguma forma relacionados à relação da igreja com os governos deste mundo, dando a entender o Espírito Santo, e hoje sabemos disso, olhando a história passada e recente da igreja, que a apostasia iniciou-se com a união da igreja com um NERO CÉSAR romano, ou seja a apostasia veio de uma união adúltera entre a igreja e o Estado, com os poderes políticos e econômicos deste mundo.
Por isso, quando olho hoje a história do cristianismo, o seu nascimento e sua corrupção a partir da relação da igreja com os Estados, compreendo o significado do texto bíblico.
Quando estudo na história sobre a “santa inquisição”, as cruzadas, as guerras de religião que levaram católicos e protestantes na Europa a matarem uns aos outros.
Quando vejo a exploração e o genocídio colonialista dos sec XVI e XIX, feitos em nome de Deus, as duas guerras mundiais, por causa dessa disputa, e isso entre nações ditas cristãs.
Quando olho para a história dos Estados Unidos da América, que ostenta em sua moeda, a seguinte inscrição: “nós confiamos em Deus”, mas ao mesmo tempo, deve seu enriquecimento a uma política de guerras imperialistas, de extermínio de índios e mexicanos e ao preço da dor e do sangue de negros escravizados, entendo o significado das palavras de apocalipse.
Quando penso no apartheid, na África do Sul
e nos EUA, no racismo e na segregação por motivações religiosas e tantas outras abominações feitas por nações, ditas cristãs, em nome do Deus, não tenho dúvida que é à está falsa igreja, esse falso cristianismo, o Anticristo, a que João em suas epístolas e no apocalipse, se refere.
João deixa entender que o Espírito do anticristo sai e sairia de plena de dentro da igreja!
1 João 2: 18. Filhinhos, esta é a última hora; e como ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos têm surgido, pelo que conhecemos que é a última hora. 19. Saíram de nosso meio, mas não eram dos nossos. Pois se tivessem sido dos nossos, teriam ficado conosco; mas isso é para que se manifestasse que nenhum deles é dos nossos.
Finalmente, quando olho hoje para o Brasil e vejo um grande número de pessoas que acreditam serem cristãs, tanto católicos, quanto evangélicos, unidos e apoiando um governo que insiste em fazer o mal, e isso usando o nome de Deus.
Cristãos dispostos a lutar com armas, dispostos a matar e a morrer, para defender um governo anticristo ou para defender seus tesouros ajuntados na terra, entendo claramente, porque a marca da besta está relacionada ao significado profético do nome Nero César.
Nero César representa a sedução do poder, do domínio, e das riquezas.
Nero César representa a força das armas.
Nero César representa a justificação da escravidão, da morte e da guerra.
Nero César representa a justificação da existência de ricos e pobres, de livres e escravos.
Nero César representa um cristianismo transformado em comércio. Comércio com a fé, ao ensinar que é possível “comprar e vender” as coisas de Deus.
Apocalipse 13: 16. E fez que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, lhes fosse posto um sinal na mão direita, ou na testa, 17. para que ninguém pudesse comprar ou vender, senão aquele que tivesse o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. 18. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta, pois é o número de um homem. O seu número é seiscentos e sessenta e seis.
Eu já calculei.
E você?

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