domingo, 27 de dezembro de 2015

10 Princípios fundamentais na edificação de um lar segundo o coração de Deus.

























1º- É preciso, antes de tudo, ter um propósito firme:
Josué 24:15 “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao SENHOR, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR.”
Ninguém conseguirá edificar um lar para Deus se não estiver disposto a pagar o preço e enfrentar todos os obstáculos para se chegar a isso. Esse objetivo envolverá toda a nossa vida, decisões, relacionamentos, prioridades etc.
2º- Antes de tudo precisamos tratar com nossas heranças familiares malditas:
Êxodo 20: 5b-6
5 ...o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
6 E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.
Quando falamos de maldições hereditárias não estamos falando de algo que se trate com rituais de libertação, muito comum hoje em dia e que acabam sendo instrumentos de dom inação religiosa. Estamos falando de heranças de iniquidade herdadas dos nossos pais e antepassados, como hábitos e atitudes, culturais ou não, que nos impede de vivermos a vida abundante, pessoalmente e em família, que Deus nos prometeu. Tendências à vícios, infidelidades, iras etc, que devem ser seriamente tratadas na vida daqueles que querem servir ao Senhor e edificar um lar segundo o coração de Deus. Existe muita verdade no ditado:"Filho de peixe, peixinho é", e existem iniquidades na vida dos pais que foram deixadas como herança na vida de seus filhos. Deus em sua misericórdia e graça nos dá poder para que através da cruz aplicada em nossas próprias vidas, mortificarmos em nós estas malditas heranças.
É preciso “deixar a casa do pai e da mãe” com tudo que não agrada a Deus.
3º- Não basta querer fazer o que é certo. É preciso fazer o certo e com o espírito certo!
Colossenses 3:19 “Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não vos irriteis contra elas.”
Colossenses 3:21 “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo. “
Tiago 3:17 “Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia.”
Conheço muito gente, e eu mesmo, já tentei fazer muita coisa certa, mas com o espírito errado. Por mais que queiramos ver nossas casas servindo ao Senhor não poderemos conseguir isso usando de força humana. Ninguém pode ser empurrado na marra para a vontade de Deus.
4º- O que fazemos fala mais alto do que aquilo que falamos.
I Timóteo 4:12 “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.”
Tito 2:7 “Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade,”
II Timóteo 1:5 “Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti.”
Esse negócio de faça o que eu falo e não o que eu faço não funciona nos dias de hoje, e nem sei se funcionou algum dia, a não ser para afastar as pessoas.
Precisamos viver aquilo que cremos, de modo que nossas ações e atitudes influenciem positivamente àqueles que estão próximos a nós, especialmente os de nossa própria casa.
5º- A obra precisa começar primeiramente nos pais, depois nos filhos:
I João 2:12-14
12 Filhinhos, escrevo-vos, porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados.
13 Pais, escrevo-vos, porque conhecestes aquele que é desde o princípio. Jovens, escrevo-vos, porque vencestes o maligno. Eu vos escrevi, filhos, porque conhecestes o Pai.
14 Eu vos escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno.
Alguém já disse: “Um balde vazando no pai é um balde vazio no filho”., mas então é também verdade que um balde transbordando no pai irá encher o vazo do filho.
O apóstolo João nessa passagem demonstra que pais que conhecem a Deus exercerão influência positiva sobre os filhos para que estes possam ser vencedores.
6º- Onde há amor há submissão mutua:
Efésios 5:21-27
21 Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.
22 Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao SENHOR;
23 Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.
24 De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.
25 Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,
26 Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
27 Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
Não podemos edificar juntos sem entrega e submissão uns para com os outros.
Quando falamos nesse assunto de submissão a primeira ideia que surge na cabeça dos religiosos é a que somente a mulher deve se submeter a seu marido. Mas Paulo fala de submissão uns para com os outros. Isso, a primeira vista. fica claro em relação à mulher a seu marido, mas quando ele fala sobre o homem se entregando, por amor, à sua mulher, temos dificuldade de enxergar submissão nisso. Mas devemos lembrar que submissão implica antes de tudo em entrega. Onde não há entrega não há amor e onde não há amor, Deus não está.
7º- É preciso Pastorear, primeiramente a própria casa:
Quantos dizem ser Pastores e líderes e não conseguem ser em suas próprias casas. Em nossos casas somos quem realmente somos. Seminários estão lotados de gente que "querem ganhar o mundo pra Jesus" mas que são fracassados em seus próprios lares. Dizem amar o pecador mas não conseguem mostrar amor dentro de casa.
Pastorear é cuidar. É ensinar por exemplos e palavras com amor.
Falando de filhos, três princípios precisam ser bem ensinados a eles deste pequenos. A importância da leitura das Escrituras para se ouvir a Palavra de Deus e a importância da oração para se falar com Deus e a obediência a Deus. Crianças serão homens e mulheres que obedecem a Deus se aprenderem primeiro a obedecer a seus próprios pais.
Deuteronômio 6: 4-9
4 Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR.
5 Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.
6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
7 E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.
8 Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos.
9 E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.
Mateus 18:19 “Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus.”
Lucas 11:13 “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem? “
Os filhos precisam aprender a obedecer. Obedecer implica a se submeter à vontade de outro, no caso os pais. Permitir que crianças pequenas façam só o que elas querem é ensinar que a vontade delas é o mais importante. Fazendo assim estamos fortalecendo no coração de nossos filhos a ideia de que só devem fazer aquilo que queiram fazer e não o que precisam fazer. Por isso muitos hoje têm dificuldade de se submeter às autoridades. Muitos crentes só querem fazer o que agrada a sua própria vontade. Muitos quando crianças não foram ensinados a submeter a sua própria vontade à vontade de seus pais.
Vivemos em tempos que crianças mandam em seus pais, querem mandar em seus professores e por fim querem mandar em Deus. Deve ser por isso que essa teologia da prosperidade tem prosperado no meio religioso. Um teologia que põe Deus a serviço do homem.
A bíblia precisa ter o lugar central na vida familiar, não a TV, o computador ou o celular. As crianças precisam ver que os pais leem e buscam a Palavra de Deus nas escrituras. As crianças precisam aprender a orar e saber que seus pais levam tudo a Deus em oração e que confiam em Deus e a ele obedecem.
Existem famílias que os filhos pequenos são entregues a escola desde muito cedo, outros acham que a igreja deve ensinar seus filhos. Empurram para outros a responsabilidade que é dos pais.
8- É preciso haver disciplina:
Provérbios 22:6 “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.”
Provérbios 22:15 “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da correção a afugentará dela.”
Provérbios 23:13 “Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá.”
Provérbios 23:14 “Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno.”
Não é possível educar sem disciplina. Disciplina inclui limites, e em caso de crianças pequenas certamente implicará em correção.
Alguém já disse: “Discipline a criança hoje e não será preciso punir o homem amanhã.” ou “É melhor apanhar dos pais do que da polícia.”
Pais precisam ser firmes e não devem se submeter à vontade das crianças e sim o contrário. Quando são muito pequenas devem aprender primeiro a se submeterem às escolhas de seus pais, tais como o que comer ou o que vestir. para isso os pais devem primeiramente serem unidos naquilo que querem para seus filhos, pois tão ruim como uma criança entregue a si mesma e sem disciplina é a divergência entre os pais nessas questões. Pais e mães devem ser unidos e firmes na disciplina dos filhos. Haverá confusão e insegurança na vida de uma criança criada num lar onde papai permite coisas que mamãe não permite ou vice versa, ou pais não consigam educar em união a seus filhos.
Deixar seu filho fazer o que ele quer não é amor. É fraqueza e indisposição da árdua tarefa de educar.
9º- Um lar segundo o coração de Deus é um lar hospitaleiro:
Romanos 12:13 “Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;”
I Timóteo 5:10 “Tendo testemunho de boas obras: Se criou os filhos, se exercitou hospitalidade, se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda a boa obra.”
Tito 1:8 “Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante; “
Hebreus 13:2 “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos.”
Não edificamos um lares para nossa própria satisfação e sim para que através deste muitos possam ser abençoados e atraídos ao Reino de Deus.
Quando praticamos hospitalidade, abrindo nossas casas aos outros estamos ensinando a nossos filhos o compartilhar e tratando com o espírito de egoísmo na vida deles e na nossa também.
Lares abençoados precisam estar preparados para receber outros. Existem lares que foram edificados para o isolamento daqueles que nele vivem. O lar segundo o coração de Deus é lugar de refugio sim mas para todos que dele se aproxima. Não devemos esquecer que a igreja nos tempos apostólicos se reunia em lares e que a medida que foi perdendo o seu primeiro amor começou a buscar nas religiões pagãs o modelo de reunião em templos, hoje convertidos em casas de show e espetáculos gospel.
10º- E o mais importante: Num lar segundo o coração de Deus se pratica o perdão em todo o tempo:
Mateus 18: 21-22
21 Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?
22 Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.
Por mais que nos empenhemos na edificação de um lar segundo o coração de Deus, sempre seremos falhos.
Por isso o lar deve ser sempre lugar de se pedir e dar perdão.
Isso se chama GRAÇA!

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

JESUS A CHAVE HERMENÊUTICA DAS ESCRITURAS




Resumo do Estudo bíblico de Domingo dia 25/10/2015

Pr. Paulo David

Apocalipse 4:6-8
6 E havia diante do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal. E no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por detrás.
7 E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia voando.
8 E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.

João 5:39 “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;”

II Coríntios 3:18 “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.”

João viu, em Apocalipse 4, a Verdadeira Palavra de Deus, o Verbo Eterno, o próprio Deus. Ele viu um trono posto no céu e o que nele estava sentado era semelhante a uma pedra preciosa, cujo o brilho impedia que aquele que estava assentado sobre o trono pudesse ser contemplado por olhos humanos. Apocalipse 4:2 “E logo fui arrebatado no Espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono.”
Nesta visão João viu que este trono era cercado pelo arco da aliança de Deus, que aponta para a sua misericórdia, manifesta na cruz do calvário, o que nos permite estar diante de seu trono.
Efésios 3:12 “No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele.”
Hebreus 10:19 “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus,”

Viu também que ao redor do trono estavam 24 tronos, e neles, vinte e quatro anciãos vestidos de compridas vestes brancas e coroas de ouro em suas cabeças. Para sabermos o significado desta visão precisamos ir para Efésios 2:6 “E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;” Nesta passagem o apóstolo Paulo nos revela a posição espiritual daqueles que nasceram de novo, de como eles ressuscitados espiritualmente em Cristo, assentaram-se em lugares celestiais. É justamente isso que João viu em Apocalipse 4, porém, na visão de João aqueles que se assentavam nos 24 tronos, não eram mais meninos espirituais, e sim anciãos, já haviam chegado à maturidade espiritual, por isso podiam reinar em Cristo. Eles tinham em suas cabeças coroas de ouro e vestiam compridas vestes brancas, representando autoridade espiritual e santidade.
Efésios 4:13-15
13 Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,
14 Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.
15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,

Muito tem sido feito em esforço humano, ciência e erudição para se tentar entender as escrituras, mas o resultado tem sido confusão, divisão e mais divisão, e isso tem levado aqueles que querem se aproximar de Deus cada vez mais para longe do trono do Senhor. Nessa passagem de Efésios 4, o apóstolo Paulo nos revela, tanto o caminho da unidade, quanto para a maturidade espiritual: O conhecimento do Filho de Deus.

Foi isso que João viu em Apocalipse 4.
Mas como conhecer aquele cujo brilho nos impede de contemplar diretamente a sua face.

João 1:1”Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.”

A resposta para isso está na visão dos 4 animais. Estes surgem do meio do trono e ao redor deste e têm olhos por diante e por detrás. Estes quatro animais são a chave para o conhecimento daquele que esta sentado no trono pois de dia e de noite contemplam aquele que está assentado no trono. O trono encontra-se sobre um mar de vidro que nos parece funcionar como um espelho. Assim os rostos destes animais acabam por refletir a face daquele que está assentado sobre o trono. Um parece ter rosto de leão, outro rosto de bezerro, outro rosto de homem, e outro rosto de águia voando.

Você alguma vez já se perguntou por que em nossas bíblias existem quatro evangelhos? Todos nos contam a vida e obra de Jesus, mas cada um nos revela faces distintas de nosso Senhor.

Mateus escreveu aos judeus e nos apresenta Jesus como o Messias prometido, o Rei de Israel, O LEÃO DA TRIBO DE JUDÁ. Repare que neste evangelho a genealogia de Jesus inicia-se em Abraão e caminha em tem seu centro o rei Davi.

Apocalipse 5:5 “E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos.” (Jajá quero falar mais sobre este versículo)

Marcos escreveu para os romanos e mostra Jesus como o Servo Sofredor de Isaías 53. O Bezerro simboliza o Servo e servo não tinha genealogia, por isso, Marcos não apresentou nenhuma Genealogia de Jesus.

Lucas escreveu para os gregos, em todo o mundo. Ele nos apresenta Jesus como verdadeiramente homem. A genealogia neste evangelho termina em Adão, o primeiro homem.

Finalmente João escreveu seu evangelho para a igreja de Jesus e nos revela que ele e o Pai são um, que quem o filho, vê o pai. Jesus é a Águia, que está na terra e no céu.

João 3:13 “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.”  Que está no céu.

Nesse evangelho a genealogia de Jesus nos é apresentada da seguinte forma:

João 1:1-4
1 NO princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio com Deus.
3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

Os 4 animais tinham olhos por diante e por detrás e refletiam como por espelho o rosto daquele que está assentado sobre o trono. Se não olharmos o Velho Testamento e o Novo Testamento para conhecermos a Jesus, ainda não estamos vendo as escrituras como deveríamos vê-la
.

Muitos vêm as Escrituras como a Palavra de Deus, mas em nenhum lugar nas escrituras ela afirma ser a Palavra de Deus. Sim as escrituras foram inspiradas por Deus. O próprio Jesus ao referir-se as escrituras disse em João 5:39 “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;” Jesus é a Palavra de Deus. Ele é a chave hermenêutica das escrituras, ou seja, as escrituras foram inspiradas divinamente para nos revelar a Jesus. Precisamos ver a Jesus em cada livro, em cada capítulo, em cada versículo. Precisamos contemplar as escrituras a partir da revelação de Jesus nos 4 evangelhos.

Se eu ler o Gênesis procurando ver a Jesus, então eu vou entender a Palavra de Deus que está no Gênesis. Seu ler Malaquias procurando ver a Jesus, então vou entender a Palavra de Deus que está em Malaquias. Assim é em toda a escritura.

A religião não consegue enxergar além do mandamento, pois faz das escrituras aquilo que ela não é. É assim que hoje pastores evangélicos fazem do dízimo o que os Adventistas fazem do sábado.

Você gostaria de conhecer a bíblia?

Leia os 4 Evangelhos para conhecer a Jesus e conhecendo a Jesus, você terá a chave para abrir as escrituras para conhecer a Palavra de Deus...Que é Jesus.

O propósito das escrituras é nos revelar a Deus, e Deus em Cristo Jesus.

 João 17:3 “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”


sábado, 19 de setembro de 2015

Igreja nos Lares – Não como método, mas como estilo de vida

Sempre que este tema é apresentado ou discutido, a idéia que vem à mente das pessoas é que a igreja nos lares é apenas um adendo ou uma estrutura funcional que auxilia a igreja – e aqui me refiro à igreja como organização – em sua missão na terra. Sim, porque a idéia de templo como local de reunião, seja um galpão, um salão ou uma construção especialmente feita para a reunião, obscurece o valor do lar e o arremete a um segundo ou terceiro plano. Neste estudo abordaremos a igreja como reunião no lar à luz do Israel do A.T., da prática de igreja nos dois primeiros séculos e o lugar que tiveram os lares ou as casas ao longo da história.

I. A vida religiosa de Israel no Antigo Testamento

A tradição cristã nos legou um conceito de igreja ou de templo sempre ligado a prédios ou santuários como lugares de encontro do povo e da adoração a Deus. A igreja virou sinônimo de prédio; o templo, lugar de adoração. “Vamos nos encontrar às 15 h em frente à igreja”, e na realidade o ponto de encontro é um prédio em algum lugar da cidade. Os cristãos e as pessoas que evangelizamos e que vêm de uma tradição cristã não conseguem conceber uma igreja sem prédios, encontrando-se em lares, praças, bosques e praias, porque a mentalidade ocidental inculcou na nossa cultura que para se adorar a Deus ou se reunir com os irmãos faz- se necessário comparecer a um templo ou santuário. É neste sentido que afirmo que culturalmente a idéia de igreja reunindo-se nos lares tem de ser novamente conceituada e ensinada, porque o que se ouve e o que se ensina é que a igreja nos lares é um método a mais na estratégia de evangelização, quando na realidade ela é a razão da existência da igreja.
Tomemos como exemplo a “igreja” do A.T., isto é, a nação de Israel. Havia um tabernáculo no deserto que depois esteve em Gilgal, Betel, Siló, só para citar essas localidades, e depois em Jerusalém. O tabernáculo foi substituído pelo templo de Salomão, e é a partir daí que os cristãos enxergam o templo como local de adoração. O templo do A.T. é assunto que deve ser tratado à parte.
O que quero afirmar é que o povo tinha o compromisso de ir a Jerusalém para cultuar como nação três vezes ao ano – mas nem todos tinham condições de ir até lá. Isso quer dizer que os encontros em Jerusalém para celebrar a Páscoa, a Expiação eram mais para manter a unidade religiosa da nação do que como meio de culto a Deus, porque a vida religiosa de Israel era diária, semanal e mensal nas casas, ou nas famílias. Jerusalém era apenas um centro de referência religiosa e governamental, porque o culto a Deus, a oração, a leitura da Lei e a guarda dos preceitos eram feitos nos lares. Portanto a vida religiosa do povo de Deus não ficava restrita a um local, mas ao lar de cada israelita. Mais tarde as sinagogas – que alguns afirmam haverem surgido na época do desterro – constituíam-se em locais de encontros aos sábados para a leitura da lei e para as orações. Havia várias sinagogas numa mesma cidade, graças ao esforço benemérito de alguém mais abastado que edificava ou separava um local para a leitura da lei. Mas as sinagogas eram limitadas praticamente ao dia de descanso, ou Sábado, para a leitura da lei.
Neste sentido não quero ser prolixo porque entendo que meus leitores conhecem bem o funcionamento da vida espiritual do povo de Deus no Antigo Testamento.

II. A vida religiosa do Novo T estamento (a transição sinagoga/igreja) nos dias apostólicos

Certos textos bíblicos, quando mal explanados, podem dar uma idéia errada do templo dos dias do Novo Testamento como se este fosse um local onde todo o povo entrava para adorar a Deus. Exemplo disto é Atos 2.46: “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração…”. Muitos irmãos, por terem um conceito errado de templo, acreditam que os primeiros cristãos se reuniam no templo de Jerusalém, e esquecem que tanto no templo do A.T. como no do N.T. só entravam os sacerdotes para realizar os ofícios sagrados. Nem todo levita ou sacerdote entrava ali, a menos que estivesse escalado, isto é, que seu turno o obrigasse a entrar no santuário para oferecer as oferendas.
Culturalmente o povo se reunia no templo, como nos reunimos na praça central da cidade, porque ao redor do templo funcionava não apenas a vida religiosa do povo, mas o comércio, a venda de verduras, peixes, animais para o sacrifício etc. Um cidadão residente em Dã vendia lá seu cordeiro que queria ofertar em sacrifício para comprar outro em Jerusalém – no templo! Jesus não condenou a vendagem de material, ele condenou os que faziam do lugar um comércio lucrativo, pois o israelita, com o preço da venda em Dã, não conseguia comprar um casal de pombos em Jerusalém, tal a ganância dos mercadores.
E como havia pátios especiais para orações, os irmãos da emergente igreja para lá se dirigiam a fim de orar, como Pedro e João, no episódio de Atos 3, que foram ao templo para a oração das 15 horas. A vida religiosa, no entanto, continuava fora do templo, nas vilas e cidades de toda a nação.
Deus parece deixar bem claro que o verdadeiro templo é formado de pessoas e não de tijolos. Nos dias de Jeremias, o povo zombava do profeta, argumentando que Deus não destruiria o lugar de sua habitação, o templo, e por isso diziam “Templo do Senhor! Templo do Senhor!”, como a dizer que Deus não permitiria que o templo, local de sua habitação, fosse destruído. Jeremias os advertia: “Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este” (Jr 7.4), e Deus lhes dizia: “farei também a esta casa que se chama pelo meu nome, na qual confiais, e a este lugar, que vos dei a vós outros e a vossos pais, como fiz a Siló” (Jr 7.14). O povo tinha a idéia de que em tempos de guerra podia se refugiar no templo e dizer: “estamos salvos” (7.10). Mas Deus lhes tirou toda esperança e lhes dizia: “Vão a Siló, o primeiro lugar que escolhi para nele ser adorado, e vejam o que eu fiz ali por causa da maldade de Israel, o meu povo” (v 10).
E foi assim que Jesus profetizou a destruição do templo de Jerusalém que ocorreu no ano 70 da era cristã. Depois que o templo foi totalmente destruído e queimado pela ocupação romana, o povo judeu continuou com sua vida religiosa, porque, na realidade, culturalmente as famílias tinham uma vida religiosa centrada no lar e não num lugar. Desta maneira cresceu a igreja, reunindo-se em casas e locais diversos, às vezes vários grupos de irmãos numa mesma cidade em locais separados, porque a essência da vida cristã não se resumia a um local, mas ao lar.
Deus não precisa de templos materiais, de locais fixos para ser adorado (lembra-se do que ele disse à mulher samaritana sobre a verdadeira adoração?). O templo, na realidade, é uma figura do verdadeiro templo – o conjunto de pessoas que formam seu santuário. O templo de Salomão aponta escatologicamente para a igreja, o templo de Deus, sua casa de oração. A casa de oração para todos os povos é a igreja!
Por mais de trezentos anos, desde seu início até a época de Constantino, a igreja se reunia em casas sem precisar de um local chamado de templo ou santuário. As casas eram adaptadas para a reunião da família de Deus.

III. A igreja subsistiu na história nas casas e lares dos fiéis

A fé e os valores cristãos foram preservados nos lares e na vida em família. A igreja peregrina jamais se amoldou ao sistema do mundo ou ao institucionalismo organizacional. O sistema ou a instituição costuma preservar mais os valores terreais que os espirituais. Por isso Deus sempre envia o fogo do avivamento para despertar seus filhos, estejam estes em igrejas históricas ou igrejas novas. Na história da igreja é possível perceber que a fé dos primeiros apóstolos foi preservada e mantida nas casas da Itália, no Piedmont, nos vales alpinos e revivificada mais coletivamente com Pedro Waldo.
A seguir, faço um resumo daquele período da história para que nossos leitores entendam a verdadeira função da casa e do lar.
O uso de casas e lares pelos irmãos através da história é que determinou a continuidade da mensagem evangélica. Os poucos registros históricos deixam entrever que a revolução espiritual que antecedeu a Reforma e os avivamentos subseqüentes tiveram lugar, prioritariamente, nos lares. Assim como os mosteiros serviram de berço para que as riquezas da palavra de Deus fossem preservadas nas perseguições – cópias manuais das escrituras e trechos da palavra de Deus –, as casas ou os castelos em feudos e colônias serviram de sementeira para as reformas espirituais.
A cultura religiosa da Idade Média exigia que as pessoas se reunissem em templos e catedrais para comungar, ouvir sermões e dar provas de sua fé em Cristo. Numa época em que a igreja institucional mantinha também um governo civil, reunir-se fora dos santuários era sinal de rebelião. Esta cena passou a ser modificada com um dos pré-reformistas, Pedro Waldo (1160). Nascido em Lyons, Pedro Waldo, um próspero comerciante e banqueiro, deu uma grande festa em sua casa e foi levado ao arrependimento e confissão de pecados por um dos convidados. (Os que levaram Pedro Waldo ao novo nascimento não eram reformistas, mas irmãos que pertenciam a uma geração de crentes fiéis que ocuparam desde o primeiro século até este período (ao redor do ano 1.100) os vales da França e da Itália).
Logo depois de convertido, Pedro contratou tradutores que traduziram parte do evangelho no dialeto do povo. Pedro Waldo vendeu seus bens, doou parte aos pobres e ele mesmo se tornou um dos apóstolos waldenses despojados de qualquer riqueza. Ele e os seguidores escolheram a pobreza e dependiam que cada igreja, em cada localidade, fizesse a necessária provisão para que os membros apostólicos continuassem sua missão.
A primeira menção deste período da história de que se reuniam em casas nos vales do Piedmont vem da pena do historiador E.H. Broadbent: “Quando as casas não mais comportavam e locais simples eram construídos, edificavam anexos, ou casas, junto às demais para abrigar e cuidar dos pobres e idosos… Liam as escrituras, tinham adoração familiar todos os dias, e entre os que lhes pregavam a palavra estavam pessoas treinadas e capacitadas cultural e espiritualmente.” O próprio Papa Inocente III (1198-1216) testemunhou que os leigos treinados pregavam e ensinavam a palavra de Deus; e que os waldenses ouviam apenas os homens que tinham bom testemunho de Deus em suas vidas.1 Assim, numa época em que só o clero podia pregar e ensinar, Pedro Waldo liderou uma equipe que revolucionou a Europa nos 400 anos seguintes.
Deve-se levar em conta que a igreja institucional sempre tachou de hereges quaisquer movimentos contrários aos seus ensinamentos; exemplo do que quero afirmar é o conceito de que os albingenses eram heréticos, pois o que se sabe sobre eles procede de opiniões contrárias, já que eram um movimento de busca pela santidade, daí seu nome, cátaros, ou puros.
A partir do século XII, aparecem registros de que os irmãos usavam casas onde pobres e enfermos sobreviviam por doações de ricos benfeitores. Não eram conventos, mas casas, residências, e os que nelas viviam eram conhecidos como os paupérrimos de Cristo.2
Duzentos anos depois, perseguidos pelo Papa Clement VII (1380), os waldenses eram queimados e torturados; as famílias que se refugiaram nas montanhas morreram de fome e frio.
Não restam dúvidas de que a semente da reforma germinava nas casas, também no período de Wycliffe, de John Huss e dos Irmãos Unidos. Documentos que poderiam registrar a história dos Irmãos, dos Pobres de Deus e da doutrina ensinada em casas foram queimados. John Huss, a caminho do martírio em Constança, acompanhado por uma guarnição de mil soldados, viu uma fogueira ardendo na praça da cidade onde seus escritos estavam sendo devorados pelo fogo. Anos depois os jesuítas se encarregaram de queimar os documentos e registros escritos por esses pré-reformadores, como os dos pobres de Deus, dos Irmãos e dos Amigos de Deus.3 Broadbent relata: “Assim como anteriormente (referindo-se à época de Pedro Waldo) a literatura dos cristãos foi destruída e bem como a história escrita por seus inimigos, também no século XVI fizeram a mesma coisa, e, tendo em vista o linguajar violento comum daquele tempo, é preciso pesquisar quaisquer resquícios do que eles escreveram”.4
Perseguidos desde os tempos de Pedro Waldo, esses irmãos que decidiram viver a vida cristã conforme o modelo de Cristo e dos apóstolos muitas vezes nem casas tinham nos vilarejos para morar e construíam pequenos agrupamentos de casas nas montanhas, como foi o caso dos Amigos de Deus de Oberland, cujo líder, Tauler, construiu com seus recursos refúgios nas montanhas para os irmãos perseguidos. Tauler, um homem rico, usou de suas posses para ajudar os obreiros e apóstolos que viajavam por toda a Europa. Falava italiano e alemão, e os registros históricos indicam que o pequeno local que os irmãos tinham nas montanhas era simples e modesto. Ele afirmou: “Não é melhor usar o dinheiro para ajudar os pobres do que construir um convento?”5. A fé simples e poderosa desses irmãos perseguidos, ameaçados e lançados em fogueiras semearam a Reforma por toda a Europa séculos antes de Lutero. Os próprios waldenses permaneceram por quase quatro séculos nos vales e montes até os tempos da Reforma.
O que se percebe nas entrelinhas da história é a existência de uma igreja orgânica paralela à igreja institucional buscando viver os mandamentos de Jesus Cristo. Por isso durante séculos as fogueiras arderam por toda Europa queimando mártires e livros.
Veja este dado da história:
Um século depois da Reforma de Lutero, “foi solicitado ao Prior Marco Aurélio
Rorenco, de Turim, em 1630, que escrevesse um relato contando a história e as opiniões dos waldenses. Ele escreveu que os waldenses são tão antigos que não se pode indicar o tempo em que surgiram, mas que, no século IX e X não eram uma nova seita. Acrescentou que no século nono, longe de ser uma nova seita, eram considerados uma raça de fomentadores e encorajadores de opiniões de pessoas que existiam antes deles. Depois acrescentou que Cláudio, Bispo de Turim, era reconhecidamente um desses encorajadores, porque ele próprio negava reverência à cruz, rejeitava a veneração e invocação aos santos e era o principal destruidor de imagens. Em seu comentário sobre a epístola aos gálatas, Cláudio ensinava abertamente a justificação pela fé e apontava os erros da igreja que se desviara desta verdade.”
“Os irmãos que viviam nos vales nunca perderam a noção de sua origem e de sua continuação histórica. Quando a partir do século catorze os vales foram invadidos e as pessoas tinham que negociar com os governos, eles sempre enfatizavam suas origens. Ao Príncipe de Savoy, que os conhecia fazia anos, podiam sempre falar abertamente de sua fé afirmando que o que criam e praticavam vinham desde tempos imemoriais, desde os tempos dos apóstolos. Em 1544 eles disseram a Francis I, imperador da França: ‘Esta confissão nós a recebemos de nossos antepassados, de pessoa a pessoa. (sic) Esta nossa religião que praticamos não é coisa desses dias, ou uma religião inventada alguns anos atrás, como afirmam nossos inimigos, mas é a religião de nossos pais e de nossos avós, sim, e de pais que viveram em tempos remotos. É a religião dos santos e dos mártires, dos que faziam confissão apostólica’”.
Quando entraram em contato com os reformadores no século XVI, disseram: “Nossos antepassados afirmavam que existimos desde o tempo dos apóstolos. Em 1689, quando os valdenses retornaram para seus vales, seu líder, Henri Arnold, afirmou que sua religião é tão antiga quanto o nome deles é venerado, e cita o relato do inquisidor Reinarius, que num relato ao Papa sobre a questão da fé explica que ‘eles existem desde os tempos antigos’. Arnold relata que é difícil imaginar que este bando de fiéis já existia nos vales do Piedmont por mais de quatro séculos antes da aparição desses extraordinários homens como Lutero e Calvino e os subseqüentes faróis da Reforma. A igreja nunca foi reformada para ter o título de evangélica. Os waldenses, de fato, descendem dos refugiados da Itália que, depois de ouvirem o evangelho pregado por Paulo, abandonaram seu lindo país e fugiram, como aquela mulher do livro de Apocalipse, para estas montanhas selvagens, onde até o dia de hoje guardam o evangelho, de pai para filho, na mesma pureza e simplicidade dos dias de Paulo, o apóstolo”.6
Concomitante a isto, isto é, à preservação da fé em lares e grupos que se refugiavam em vales e montanhas da Europa, a famosa universidade de Oxford serviu de sementeira para que germinasse a idéia da Reforma entre a classe estudantil e professoral. Foi a partir da universidade de Oxford que John Wycliff influenciou a John Huss e Jerônimo de Praga. O certo é que havia muita gente estudando as escrituras e se reunindo em casas como resultado da influência dos waldenses, de Wycliffe, na Inglaterra, e de seus seguidores, os lolardos, e de John Huss na universidade de Praga.
Um dos amigos de Zwinglio (enquanto este estava a favor dos Irmãos, porque depois se tornou um dos maiores perseguidores dos anabatistas), Felix Manz, se reunia na casa de sua mãe, uma fiel cristã.7 Na grande perseguição luterana e zwingliana contra os Irmãos (anabatistas), a história registra que em Salzburg os irmãos que se reuniam na casa de um pastor foram pegos de surpresa, e um grande número decapitado e afogado nas águas. (Existem dados históricos sobre a perseguição que as duas igrejas institucionalizadas da época, a Romana e a Luterana, empreenderam contra os Irmãos, que eram mortos por afogamento, queimados ou decapitados. Dezenas de relatos de mortes por afogamento por parte dos seguidores de Lutero e de Zwinglio contra os Irmãos mancharam as páginas da Reforma).
Um dos períodos da história em que os irmãos passaram a se reunir em casas com maior freqüência, além das reuniões regulares dominicais, foi durante o avivamento nos dias de Wesley e Whitefield, através das chamadas sociedades. Elas tiveram sua origem não em Wesley, pois existem registros de que em 1678 criaram-se “sociedades” para fortalecimento e enriquecimento espiritual dos irmãos.8 “Tudo começou com os sermões de avivamento do Dr. Antony Horneck na capela Savoy. Horneck era o pai dessas sociedades desde seu começo.” O objetivo era organizar grupos de jovens para orarem, estudar a Bíblia e conferenciar entre si semanalmente. J. Woodward relata: “Eram pessoas na meia estação da vida que pertenciam à igreja da Inglaterra que foram tocadas com um profundo sentimento de pecado e passaram a levar a sério o compromisso de fé”.9 A razão desses grupos existirem em meio a uma igreja institucionalizada?
“Já que tinham os mesmos problemas espirituais, e todos buscavam uma vida de santidade, deveriam se reunir uma vez por semana dedicando-se a ouvir boas palavras e tudo o que fosse para edificação deles. Para que as reuniões tivessem ordem, várias regulamentações foram estabelecidas para que o objetivo não se perdesse”.10 As regras estabeleciam que as condições para que uma pessoa participasse das reuniões eram: santidade pessoal, comprometimento com o grupo, com as reuniões semanais da igreja, com o pároco, etc. Além disso, deveriam trabalhar pelo bem-estar social, cuidar dos enfermos e colocar as crianças pobres nas escolas, opondo-se a todo tipo de jogo e entretenimentos mundanos.
Mais tarde ficou estabelecido que cada membro deveria trazer pelo menos outra pessoa para as reuniões, o que aumentou consideravelmente o número de membros. No ano de 1698, havia trinta e dois grupos apenas na cidade de Londres. As sociedades ou grupos que mais cresceram foram os estabelecidos em 1701 por Samuel Wesley, pai de João Wesley, em sua paróquia em Epworth. Mais tarde, George Whitefield (1737) começou a pregar para esses grupos, e ele e João Wesley usaram as “sociedades” ou grupos para trazer avivamento para toda Inglaterra.
Ao que parece a Igreja não se reunia nas casas como um modelo para o avivamento, mas como forma de permanecer fiel aos ensinamentos dos primeiros apóstolos abandonados pela igreja dominante.
Nomes diferentes para os mesmos remanescentes fiéis. Seguindo a linha da história, percebe-se que esses Irmãos foram recebendo nomes diversos ao longo dos séculos, especialmente dos pré-reformistas que os apelidaram pejorativamente de irmãos, apenas irmãos desde os tempos do apóstolo Paulo; cátaros ou albingenses, os puros de Alby; waldenses, devido a Pedro Waldo; lolardos, como seguidores de Wycliff; hussitas, por serem descendentes de Jonh Huss; anabatistas, porque batizavam de novo; menonitas, porque Simon Mennon os liderou por toda a Europa; e moravianos, porque esses mesmos irmãos que por 350 anos peregrinavam pela Europa em busca de paz devido à perseguição foram acolhidos na Morávia, nas terras do Conde Von Zinzendorf.
Obviamente que as fontes históricas se refiram aos albingenses como heréticos, aos anabatistas como seita, mas temos de levar em conta que os registros a respeito deles foram feitos por seus inimigos.
Deus tem seus fiéis ao longo da história. Que nossa casa sirva também de guardiã da Fé de nossos pais.
A casa é o ninho da família… Casa fala de aconchego, de lugar seguro, de amizade e de amor.

IV. Problemas e soluções para que a igreja use os lares e casas como berço da fé, da comunhão e da evangelização

Para concluir estes meus pensamentos, é necessário abordar aspectos negativos, que impedem que a igreja se reúna ou use os lares e casas de irmãos nas grandes cidades.
  1. Nas grandes cidades brasileiras, o povo em geral usa suas residências principalmente como dormitório dos membros da família. Pais e filhos estão demasiadamente envolvidos no trabalho e no estudo e não têm tempo de se encontrar durante os dias da semana e quiçá aos domingos (porque aos domingos passam o dia na “igreja”, no templo). A necessidade de sustento e de acompanhar tecnologicamente o avanço da sociedade empurra os membros da família para “fora” da casa. E, quando em casa, divertem-se usando os meios eletrônicos, às vezes cada um de per si: internet, pesquisas, tevê a cabo…
  2. O espaço para se morar nas cidades grandes está ficando cada vez mais reduzido. Nos prédios de apartamento, para a população em geral, as salas de estar são minúsculas, a cozinha um mero espaço onde só entra quem dela se utiliza, e a violência impede que as pessoas circulem durante a noite.
  3. Os mais abastados que decidem residir em condomínios de apartamentos isolam-se uns dos outros e dos que residem fora dali. O acesso, às vezes, é impeditivo. Agregue-se a isso o fato de que os apartamentos e residências não possuem revestimento acústico, e as paredes têm “ouvidos”. Qualquer som elevado de pessoas falando, orando ou tocando algum instrumento é motivo de reclamação ao síndico e de exposição a multas.
  4. Em algumas regiões do Brasil – e esquivo-me de mencionar quais para não ser mal interpretado –, as famílias não possuem a cultura do lar, isto é, não costumam ter uma casa ou apartamento aconchegante para acolher os amigos. Além do ponto número 1, que limita o uso da casa como um meio de vida para sair e entrar, os que possuem uma casa maior sequer pensam em adaptá-la como local para reunir amigos ou a igreja; geralmente os mais aquinhoados constroem salões para festas e encontros – para comer e beber –, mas nunca como local de adoração.
Quando falo em cultura do lar, refiro-me ao ninho da família, ao aconchego, ao acolhimento, à hospedagem e à liberdade de qualquer amigo ou visitante se sentir também em casa. Um local onde a mamãe tem liberdade de trocar a fralda do filho; em que se pode beber água sem se solicitar ao proprietário etc.
Essa falta de cultura, como falei anteriormente, é fruto do corre-corre diário, quando se gastam duas ou três horas para se deslocar do trabalho até a casa e vice-versa, porque todos os membros da família têm de trabalhar, inclusive a esposa, o que os impede de usufruir as benesses do lar, como reunião em família, conversas amigáveis ou encontros com os amigos.
Em algumas cidades, como a que eu resido, as pessoas se isolam atrás de muros altos e impenetráveis, e sequer se consegue ver o telhado das casas – seja porque as pessoas querem privacidade, seja por medo da violência urbana. E isso já é cultura.
Nas décadas dos anos sessentas e setentas, nossas casas não tinham muros altos, apenas uma cerca de madeira para que animais não entrassem no pátio ou saíssem dele, e os vizinhos se sentavam na calçada no fim da tarde para conversar, rir e jogar conversa fora. Ou conversavam olhando uns aos outros pela cerca. Viver assim hoje em algumas cidades é impossível. E isso faz com que a cultura do lar desapareça para dar lugar à cultura tecnológica.

Como mudar este quadro?

  1. Voltando-se ao estilo de vida simples sem que seja necessário concorrer com o mundo. Não é preciso possuir tudo que o mundo tenta nos impor. Um estilo de vida simples agrada a Deus. Hoje as casas dos irmãos têm televisão, computadores e banheiros em cada cômodo… Confortável para os membros da casa, mas não disponível para os visitantes.
  2. Edificando-se casas, pensando sempre nos amigos e nos irmãos da igreja, e não apenas na nossa família. Nos últimos anos venho acompanhando o progresso material de alguns cristãos que se preocupam em ter sala de vídeo e de TV; sala de estudos; sala de estar meramente decorativa; amplo espaço para churrascos e festas, mas em nenhum deles notei a preocupação de reservar um espaço maior para reunir a igreja, para orar e buscar a Deus. Existem salas de vídeo, mas não de oração; salas de estudo, mas não de oração; salas com mesas de jogos, mas jamais para oração e reuniões.
  3. Nas grandes cidades onde é impossível se reunir em apartamentos de condomínios devido às regras impostas pela comunidade, é aconselhável que se busquem alternativas mais caseiras, como, por exemplo, reunir esforços para comprar um local e construir uma ampla casa – não um templo – com cozinha, salas amplas adaptáveis, espaço para as crianças etc. O espaço que não se tem num apartamento, os irmãos passam a tê-lo conjuntamente na “casa”. No entanto o conceito de igreja que os especialistas em crescimento de igreja nos empurram goela abaixo é de fazer construções megalômanas para milhares de crentes. Isso tem de ser urgentemente revisto.
  4. Criar dentro dos apartamentos um ambiente de lar apenas dispondo de cadeiras e lugares para que “dois ou três” se reúnam em nome do Senhor. Mude-se o conceito de que “a casa é minha” para “minha casa, sua casa”!
Nossa experiência neste sentido foi sempre positiva, e a igreja que iniciamos em Porto Alegre funcionava em nossas casas, especialmente na casa em que eu residia, com vários encontros semanais, de casais com seus filhos e de jovens com seus anelos e esperanças. O que contribuiu para o surgimento de uma comunidade de amor e serviço, sinônimos de comunidade de adoração.
João A. de Souza Filho, 62 anos, é casado com Vanda Beatriz e tem dois filhos: Rosane e Nilson. Exerce seu ministério junto ao corpo de Cristo, a igreja, em Santa Bárbara D’Oeste SP. Para maiores informações sobre seu ministério, seus artigos e seus livros, acesse: www.pastorjoao.com.br. E-mail: pastor.escritor@terra.com.br
1 BROADBENT, E. H. The Pilgrim Church, p 100
2 Ibid p 101
3 SCHAFF, Philip, Church History, Vol VI p 107
4 BROADBENT, E.H. The Pilgrim Church p 154
5 Ibid p 109-110
6 BROADBENT, E.H. The Pilgrim Church, pp 91-92
7 Ibid p 168
8 WOOD, Skevington A. The Inextinguishable Blaze, Paternoster, p 30
9 WOODWARD, J. An Account of the Rise and Progress of the Religious Societies in the City of London, p 34 in SCHAFF, Church History
10 WOOD, Skevington, A Ibid p 34 The Inextinguishable Blaze, Paternoster, p 30