sexta-feira, 13 de julho de 2012

A ENCARNAÇÃO: A Chave para entendermos o mistério do Deus Único

Paulo David
Deuteronômio 6:4
“Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR.”
Aqueles que professam crer na doutrina da trindade, diante desta passagem, tentam explicar que este “único” refere-se à substância divina e não necessariamente a pessoa, mas afirmar que Deus é um em substância e não em pessoa faz Dele um único Deus? Era assim que os patriarcas e profetas do velho testamento entendiam esta passagem? E principalmente, eram assim que os apóstolos acreditavam?
O que realmente essa passagem quer nos ensinar sobre Deus?
Proponho aqui dois princípios simples de interpretação das escrituras, o primeiro é o sentido literal, ou seja, as escrituras querem nos dizer o que ela nos está dizendo, e o segundo é o de que as escrituras interpretem as escrituras.
 Assim pelo primeiro princípio, quando a bíblia afirma que Deus é um só ela quer dizer exatamente isso, que só há um ser divino em natureza, pessoa e substância, único e indivisível. Portanto a unicidade de Deus não pode ser entendida apenas em termos de substância como afirma a doutrina da trindade desenvolvida com a formação da igreja católica romana e que a reforma nunca questionou como também não o fez como inúmeros outros dogmas tais como o batismo infantil, mantidos até hoje por muitas igrejas ditas evangélicas.
O mais curioso neste assunto é o fato de que os que defendem a doutrina de um Deus formado por três pessoas distintas citam teólogos e concílios católicos e os colocam ao mesmo nível de autoridade dos apóstolos e das escrituras, e muitas vezes, até acima destes, tachando de hereges ou pseudo-cristãos aqueles que interpretam as escrituras só com as escrituras.
É raro um trinitariano defender a sua doutrina só com as escrituras sem ter que recorrer aqueles que eles chamam “pais da igreja” ou aos “documentos históricos”. Bom até onde eu entendo se a igreja tem pais terrenos, “eu disse se”, estes seriam os apóstolos da bíblia, e a única fonte histórica para qualquer verdade espiritual é a própria Bíblia.
Mas será que, segundo as escrituras, a única maneira de diferenciarmos o Pai do Filho é vê-los como pessoas distintas dentro da divindade? Não poderia Deus enquanto em sua NATUREZA DIVINA, imarcescível, eterna, infinita, onisciente, onipresente e onipotente ser assim chamado de PAI e por ocasião da encarnação, ao assumir uma natureza humana, ser aquele que a bíblia chama de FILHO? Dessa maneira, Deus continuaria ser um só, mas veio a terra assumindo uma outra natureza, a humana. Não é isso que afirma as escrituras:
João 3:13
“ Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.
Aqui Jesus afirma, falando de si mesmo, duas verdades esclarecedoras, uma é que ele desceu do céu, falando da sua encarnação, a outra, que pode ter parecido estranho para seus ouvintes, e parece ainda ser para muitos, era que  ele estava no céu, o que só teria sentido se estivesse falando de  sua condição Eterna e Divina, ou alguém acredita que Jesus deixou de ser Deus por ocasião da encarnação?
Isso nos leva a outra consideração: Se Jesus é Deus, e este, na encarnação, assumiu a natureza humana, sem, contudo deixar de ser Deus, e nem que  sua natureza divina tenha se misturado a sua natureza humana, pois uma verdadeira encarnação implica numa perfeita humanidade da pessoa de Jesus e numa separação, por causa da natureza humana, da pessoa do Pai, caso contrário não seria de fato filho de Deus.
Isso explicaria de forma coerente e verdadeira, entre outras coisas, a necessidade que Jesus tinha de orar e ouvir o Pai.
Por ocasião da encarnação Deus de fato assumiu uma condição e personalidade humana. Jesus tinha corpo, alma e espírito humano, tinha limitações humanas, portanto, nesta condição, estava limitado e totalmente dependente do Pai. Por causa da encarnação, literalmente Jesus saiu do Pai, por isso as duas naturezas e personalidades, a do Pai e a do Filho, não se misturavam, caso contrário Jesus não seria de fato humano. Mas e as curas, os milagres, os feitos e conhecimentos sobrenaturais?
Jesus mesmo nos dá a resposta;
João 14:10
“ Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.”
A maioria dos cristão crê nas duas naturezas de Cristo, a dificuldade é entender como elas se relacionavam. A resposta está numa correta compreensão da encarnação.
Em nenhum lugar das escrituras encontramos a expressão DEUS FILHO e sim o filho de Deus. Como vimos o próprio Jesus, em sua condição humana, afirmava sua total dependência do poder do Pai.
Mateus 19:17A
17 E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus.
Se cremos que Jesus é Deus, essa escritura só faz sentido se a distinção entre pai e Filho for de natureza e não de pessoa.
Agora examinemos outra escritura utilizada pelos defensores da doutrina da trindade:
E João 1:1?
1”No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.”
Se Deus é uma só pessoa por que nesta escritura encontramos que  o VERBO estava com Deus?
Bom aqui temos o desenvolvimento de um pensamento que começa com “No princípio era o Verbo”. A que princípio a bíblia se refere? Ao princípio de todas as coisas criadas. O pensamento termina com a declaração clara e solene que “o verbo era Deus”. Para quem crê que só existe um único Deus como pessoa, o verbo é esse Deus. Mas então por que João diz: “o verbo estava com Deus”?  Para responder a esta pergunta sem ferir as escrituras sobre a verdade de um único Deus, temos que entender um pouco mais sobre a natureza do Pai. Uma das poucas escrituras do velho testamento que se refere a Deus como o Pai, o chama de PAI DA ETERNIDADE, mas este título é atribuído a JESUS em Isaías 9:6:
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”
O título de Pai nas escrituras é atribuído a Deus enquanto Deus possuidor de exclusivos e infinitos atributos, tais como eterno, infinito e imarcescível. Deus em seu estado divino. Isto posto, podemos então entender a relação entre o Pai e o Verbo. Vamos usar como exemplo a relação entre o Sol e a luz.  Assim como a luz emana do sol, o VERBO emana do pai sem ser outra pessoa distinta mas antes a manifestação deste no princípio. É o próprio Deus manifesto na criação, é Deus no princípio. Note que a bíblia ao se referir à eternidade, antes do princípio, só menciona o Pai da Eternidade. Ao contrário do que afirmam as Testemunhas de Jeová, que Jesus seria o princípio da criação de Deus, a primeira criatura, ou do que afirmam certos judeus messiânicos, que Jesus seria feito da substância divina, uma espécie de molde da criação, o que as escrituras afirmam nesta passagem é que JESUS é o próprio Deus ( o verbo era Deus) manifesto no princípio da criação. Não uma  segunda e outra pessoa da divindade, mas o único Deus- manifesto. O Logus, o Deus criador:
João 1:3
“Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.”
A bíblia se interpreta com a bíblia:
 Hebreus 1:1-3
“1 HAVENDO Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho,
2 A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
3 O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas;”
Note aqui de forma bem clara que o livro de hebreus refere-se a JESUS como a expressa imagem da PESSOA DE DEUS e não como uma outra pessoa da divindade. Assim vemos claramente que em termos de natureza o filho não é o Pai, mas a encarnação da pessoa de Deus, que em termos de manifestação o VERBO não é o Pai, e sim a manifestação deste, mas que em ambos os casos estamos falando da MESMA E ÚNICA PESSOA DIVINA.
Uma correta e bíblica compreensão da encarnação pode ser a chave para entendermos o mistério da Divindade revelado nas escrituras, como o mistério da piedade:
I Timóteo 3:16
“E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.”
Aqui as escrituras revelam de forma clara que foi Deus quem se manifestou em carne, o próprio Deus, o único Deus.
Para os que acreditam e ensinam que foi só a segunda pessoa da trindade que tornou-se homem vai aí outra escritura:
Colossenses 2:9
“ Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade;”
A passagem de I Timóteo 3:16 nos revelam não apenas que o Único Deus se manifestou em carne mas que depois de realizar nossa salvação ele foi recebido na glória. Na glorificação de Jesus como homem O Pai e o filho foram unidos de uma forma tal que a natureza humana de Jesus foi revestida da natureza do Pai. Jesus não voltou a condição anterior à encarnação, Deus não deixou sua natureza humana, mas antes a revestiu com sua natureza divina. Assim e só assim Ele pôde nos dar o Seu Espírito.
João 16:7
Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. “
João 14:16-20
16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;
17 O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.
18 Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
19 Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.
20 Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.
21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
22 Disse-lhe Judas ( não o Iscariotes ): SENHOR, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?
23 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.
As escrituras deixam claro que o Espírito Santo não é outra pessoa na divindade e sim o Espírito de Jesus Glorificado. Deus em nós, o eterno propósito da criação.






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