terça-feira, 30 de setembro de 2014

A Igreja de Pérgamo





 Pr. Paulo David

Apocalipse 2:12 a 17
12 E ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois fios:
13 Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.
14 Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem.
15 Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio.
16 Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.
17 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.

Pérgamo é a igreja que sobreviveu a perseguição romana até o imperador  Diocleciano. Pérgamo é a igreja no tempo de Constantino, o imperador romano que fez cessar a perseguição e deu início a legalização da religião cristã.
Voltando a igreja de Esmirna, a respeito desta o senhor falou: “Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza ( mas tu és rico ), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás.” Apocalipse 2 :9
A verdadeira igreja de Jesus sempre enfrentou perseguição, primeiramente daqueles que se diziam judeus, filhos de Abraão. Nesta passagem, o Senhor, referindo-se àqueles, usa a expressão: Sinagoga de Satanás. O livro de Atos retrata como inicialmente a igreja foi perseguida pelos judeus. Em Romanos, Paulo assim se expressa:
Romanos 2: 28 e 29
28 Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne.
29 Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.
Leiamos também Gálatas 4: 22 a 31
 22 Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre.
23 Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa.
24 O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar.
25 Ora, esta  Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos.
26 Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós.
27 Porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz; Esforça-te e clama, tu que não estás de parto; Porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido.
28 Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque.
29 Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora.
30 Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre.
31 De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava, mas da livre.
De fato o período de grande perseguição à igreja começou com os judeus e seguiu com os Romanos até o domínio de Diocleciano.
Jesus se apresenta a esta igreja como aquele que tem em sua boca a espada aguda de dois fios. Sabemos que essa expressão se refere a Palavra de Deus:
 “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” Hebreus 4:12.
Nesse período o grande desafio não seria mais permanecer fiel em meio às perseguições e sim permanecer na Palavra de Deus, diante das pressões e  influências do poder de Romano.
“Conheço as tuas obras, e onde habitas que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.” Apocalipse 2:13
A igreja de Pérgamo encontra-se em um mundo romanizado, por isso o Senhor usa a expressão “onde está o trono de Satanás”. Recém-saída de um longo período de perseguição desencadeada por Roma, permaneceu em O NOME DO SENHOR  e não negou a fé. A referencia a “Antipas, minha fiel testemunha” pode ser uma referencia a Policarpo, bispo de Esmirna , martirizado durante o governo de Antônio em 155 DC.
No ano de 313 dC, o imperador Constantino publica o edito de Milão, pondo fim as perseguições, dando início ao processo que transformaria a fé cristã em religião do estado. Mais tarde em 325 dC, ele conclama o Concílio de Nicéia, numa tentativa de unificar o cristianismo para controla-lo. Constantino viu no Cristianismo uma religião que poderia unir  e fortalecer o Império Romano, que naquela altura começava a se fragmentar e a se dividir. Sua conversão ao cristianismo se deu através de uma controversa experiência, em meio a uma batalha, onde ele teria tido uma visão de uma espada em forma de cruz, e ouvido uma voz que lhe dizia: “Com este símbolo vencerás!”.
Desde então Constantino teria abraçado o cristianismo e visto na cruz e na espada, instrumentos de poder.
Por séculos o Império Romano havia amalgamado e institucionalizado crenças e superstições de inúmeros povos e sob a influência da filosofia grega, do espiritualismo oriental e de suas próprias crenças politeístas e idólatras. Nesse ambiente realizou-se o concílio de Nicéia, que  procurou, como ponto de partida, introduzir uma doutrina sobre Deus que se aproximava mais do politeísmo romano, que do monoteísmo, ensinado nas escrituras.
 Isso me faz lembrar Daniel 11: 36 a 39
36 E este rei fará conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e será próspero, até que a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito.
37 E não terá respeito ao Deus de seus pais, nem terá respeito ao amor das mulheres, nem a deus algum, porque sobre tudo se engrandecerá.
38 Mas em seu lugar honrará a um deus das forças; e a um deus a quem seus pais não conheceram honrará com ouro, e com prata, e com pedras preciosas, e com coisas agradáveis.
39 Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as poderosas fortalezas; aos que o reconhecerem multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos, e repartirá a terra por preço.
Foi assim que se formulou a doutrina da Trindade, fazendo Deus semelhante às Tríades romanas e Egípcias, onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo, seriam pessoas divinas distintas dentro de uma divindade unida unicamente pela mesma substância. Assim o filho de Deus, deixava de ser a emanação e encarnação de Deus, o Pai, e passava a ser a encarnação de um Deus-Filho, distinto do Pai, e coexistente desde a eternidade com o Pai, e não saído deste, e com o Espírito Santo, outra pessoa, coexistente eternamente com o Pai e com o Filho e não saído destes. Começava assim o afastamento gradativo em relação à Palavra de Deus e a aproximação gradativa em relação às crenças pagãs. Não demoraria muito para que o batismo em o nome do Senhor Jesus, praticado pelos apóstolos, em todos os exemplos no livro de Atos, fosse substituído por uma formula trinitária, pois, o que para os Apóstolos eram títulos de uma mesma e única pessoa Divina, O Senhor Jesus Cristo, o concílio de Nicéia transformara em pessoas distintas de uma divindade tríade. Politeísmo disfarçado de Monoteísmo, o que chamamos hoje de sincretismo religioso.
Veja o que o Senhor diz ao anjo da igreja de Pérgamo:
Apocalipse 2: 14-15
14 Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem.
15 Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio.
Doutrina de Ballaão.
O que vem a ser a Doutrina de Ballaão? Se lermos nas escrituras a história de Ballaão poderemos entender o que é esta doutrina e quão diferente ela é da doutrina dos apóstolos de Atos 2:42. Ballaão era um falso profeta que aceitou as promessas de  riquezas, feita por Balaque, para desencaminhar o povo de Deus, levando-os a pecar contra o Senhor, comendo dos sacrifícios da idolatria. Não é esse o contexto histórico da igreja de Pérgamo? Temos o Balaque, que é Constantino, temos o Ballaão, os mestres segundo os homens, do Concílio de Nicéia, temos o tropeço, que é o abandono da Palavra de Deus, o verdadeiro alimento, e a introdução da teologia humana, sob a influência  da sabedoria humana e do culto politeísta. Esse Concílio, aceito por muitos cristãos foi o primeiro passo da grande apostasia. Nesse tempo, diferentemente do tempo da igreja de Éfeso, onde o Nicolaísmo era odiado, já se diz que havia quem seguia essa  doutrina. Talvez o Senhor se refira àqueles que se deixaram seduzir pelo estado romano buscando riquezas e poder.  Qualquer semelhança com a atual aproximação entre líderes evangélicos e o estado, não é mera coincidência.
Esta carta termina com uma chamada ao arrependimento e uma promessa aos que são vencedores:
Apocalipse 2:16 e 17
16 Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.
17 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.
O Senhor diz que batalhará contra aqueles que não se arrependerem com a espada de sua boca. A Palavra de Deus aparece aqui como instrumento de seu juízo no meio da igreja.
João 12:48 [2] “ Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.”
Notadamente a promessa aos vencedores também está relacionada à palavra: “darei a comer do maná escondido”
Lucas 4:4 “E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus.”
João 6:51 ”Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.”
João 1:14 “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”
Esse comer do maná escondido fala de um conhecimento de Deus na pessoa do Senhor Jesus, a palavra de Deus.
João 17:3 “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”
 João 14:8 e 9
8 Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta.
9 Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?
Prestemos atenção na promessa final aos vencedores:
Apocalipse 2:17b
“e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.”
Mudança de nome na bíblia está relacionada à mudança no caráter. Lembremo-nos de Abrão que teve seu nome mudado por Deus para Abraão, Jacó para Israel, Simão (vacilante) para Pedro (rocha) e muitos outros. Deus quer mudar o nosso nome, transformar o nosso caráter, moldar-nos à imagem de seu filho. Como ele faz isso? A medida em que comemos do maná escondido, que conhecemos a Jesus como Deus. Jesus é o próprio Deus. Leia as passagens a seguir:
Efésios 3:9 “E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo;”
Efésios 5:32 “Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.”
Efésios 6:19 “ E por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho,”
Colossenses 1:26 “ O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos;”

Jesus e o Espírito Santo são a mesma pessoa:
Colossenses 1:27 “ Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória;”
Colossenses 2:2 “Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo,” Note que em lugar nas escrituras aparece a ideia de um Deus-filho e sim de um Filho de Deus.
Colossenses 4:3 “ Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso;
Jesus é Deus encarnado:
I Timóteo 3:16 “ E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.”

II Coríntios 3:18 “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” 
Precisamos conhecer a Jesus pela Palavra. As Escrituras foram nos dada, primeiramente, para nos revelar a palavra de Deus que é o próprio Senhor Jesus, e que é o próprio Deus. À medida que o conhecemos e o contemplamos como Deus, somos transformados à sua imagem e assim recebemos uma pedra branca com um novo nome. O fato de ninguém poder conhecer a não ser o que recebe este novo nome mostra-nos que isto não pode ser dado, nem recebido de homem nenhum, sendo fruto de um relacionamento pessoal e intimo com o Senhor.


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