quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Verdades sobre as 7 igrejas de Apocalipse para os dias de hoje.



Pr. Paulo David

Muito já se especulou sobre esse assunto, e longe de mim a pretensão de oferecer uma palavra final sobre esse tema, mas gostaria de compartilhar aquilo que tem vindo ao meu  entendimento sobre o significado profético das sete igrejas de Apocalipse e aquilo que Deus quer nos ensinar sobre esta profecia. É fato que se de um lado encontramos nas cartas as sete igrejas, referencias a problemas enfrentados por todas as igrejas, em todos os tempos, por outro, ela nos apresenta, de forma profética, o problema central da igreja em cada era, dos dias apostólicos ao tempo final. Gostaríamos  de examinar cada uma destas cartas:

1.A Igreja em Éfeso:

Apocalipse 2:1 a 7

1 ESCREVE ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro:

2 Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos.

3 E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.

4 Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.

5 Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.

6 Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.

7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.



Como em todas as cartas, o Senhor se apresenta destacando um aspecto da visão de sua pessoa revelada a João em Apocalipse 1: 1 a 20. Ali o Senhor Jesus se revela como o único Deus: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.” Apocalipse 1:8 .

É impressionante como o livro de Apocalipse começa com a visão do Senhor Jesus glorificado, no início do capítulo 1, como sendo o Alfa e o ômega, aquele que é, e que

era, e que há de vir, o Todo-poderoso. Aqui não é mais o homem Jesus, o Salvador e sim o Senhor Glorificado, o juiz de toda a terra.

Esse se apresenta na carta a Éfeso como “aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro”.

Apocalipse 1: 20  “O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.”

Tudo indica que as sete estrelas estejam relacionadas à palavra profética na boca de mensageiros levantados em cada era da igreja, já que os castiçais referem-se às 7 igrejas. Sendo o numero 7 o resultado da soma de 4 + 3, sendo 3 o numero da revelação de Deus, “o que que é, e que era, e que há de vir”, e que 4 é o numero que relaciona-se à terra, como vemos em  Apocalipse 7:1a “E depois destas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra,” e Apocalipse 20:8a “ E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra,”

Esse numero profético, 7, é na verdade o numero dos mensageiros de Deus, a todas as igrejas, nos quatro cantos da terra, e em cada era. Deus usou essas sete igrejas da Ásia como figura da igreja daquele tempo, em todas as idades, até o tempo do fim.

“A igreja de Éfeso representa a igreja nos tempos apostólicos, e é descrita pelo Senhor como tendo “obras, trabalho e paciência”, o que por sua vez eram frutos de dois princípios colocados em prática naquela igreja: À intolerância ao mau ”não podes sofrer os maus”, e uma liderança provada e aprovada “e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos.”

Esses dois princípios de fé e prática, deveriam ter permanecido na vida da igreja em todos os tempos, mas sabemos que não foi assim, pois já em outra carta o Senhor reprende a igreja dizendo: “Mas tenho contra ti que toleras...” Esta tolerância ao erro e a lideranças carnais viria a se tornar uma marca da apostasia na igreja, especialmente nos dias de hoje, na igreja de Laodicéia.

Lemos no livro de em Atos 2:43 “ E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos”.  Notemos que o temor do Senhor precedia os sinais e maravilhas, precedia até mesmo os apóstolos. Não é por acaso que o Senhor elogiou aquela igreja, havia ali um reverente temor, uma seriedade com as coisas de Deus, o que levava consequentemente a uma vida de santidade e a um padrão elevado de liderança espiritual, provada e aprovada. Vivemos hoje uma tão grande inversão de valores que até fica difícil comunicar certas verdades espirituais, o que dificulta ainda mais o entendimento das escrituras. Nossos conceitos de graça, obediência e amor encontram-se muitas vezes contaminados e deturpados pelos padrões de autoridade e liberdade de um evangelho sem cruz. Além disso, muitas lideranças intimidam seus seguidores acusando-os de rebeldia, amaldiçoando-os quando confrontadas, o que por si só já seria motivo de dúvidas de sua autoridade espiritual. De um jeito ou de outro, sentimo-nos muitas vezes indispostos de tratar com o erro e de confrontar determinadas lideranças. No entanto o nosso Senhor louvou aquela igreja por agir assim. Tolerar pecado em nós e entre nós e submeter-nos cegamente a uma liderança que se coloca acima de qualquer julgamento, é algo que não encontra apoio na palavra de Deus e não corresponde ao caminho da sabedoria, é na verdade, o caminho do engano.

Vejamos duas passagens nas escrituras que nos ensinam sobre autoridade espiritual:

Marcos 10: 42 a 45

42 Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas;

43 Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal;

44 E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.

45 Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.

Gálatas 1: 8 e 9

8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.

9 Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.

Em Marcos 10, O Senhor nos mostra um dos princípios que norteiam a verdadeira autoridade espiritual, o ser servo de todos. A Autoridade de Deus se manifesta de modo totalmente distinto da autoridade no mundo. No mundo aqueles que dizem ter autoridade se assenhoreiam daqueles a quem lideram. Não é isso que vemos hoje, especialmente em Laodiceia? Um modelo de autoridade hierarquizado herdado da igreja de Tiatira, numa verdadeira escala de nobreza, que vai de Presbítero a Pastor, de Bispo a Apostolo, de Papa ou Patriarca a “não demora muito” Vice Deus. Como alguém pode negar a filiação destes em relação a igreja de Tiatira? Líderes que são servidos e bajulados por aqueles que, como eles, cobiçam posições, e vêm na puxação do saco apostólico, do saco episcopal ou do saco pastoral, um meio de ascensão ministerial.

Muitos dentro da igreja de Laodiceia conquistaram posições de liderança dessa maneira e para mantê-la necessitam assenhorear-se do povo. Nunca foram reconhecidos como servos do rebanho e por isso precisam impor sua autoridade.

Esse falso princípio de autoridade era certamente aquilo que a igreja de Éfeso confrontou na vida de muitos que se chamavam a si mesmos de apóstolos, em seus dias.

“; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos.” Apocalipse 2: 2c.

Se o texto de Marcos fala da natureza da autoridade, no de Gálatas, o apostolo Paulo estabelece os limites da autoridade espiritual. Este limite é o limite do EVANGELHO, o limite da CRUZ DE CRISTO. Toda autoridade espiritual verdadeira emana do evangelho, da cruz de nosso Senhor Jesus Cristo e limita-se a ele.

Isso pode ser confirmado nas palavras do apostolo Paulo em I Coríntios 2:1a 5

1 E EU, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria.

2 Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.

3 E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.

4 A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;

5 Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.

Só Deus tem autoridade absoluta sobre a vida de seus filhos. Ele é o Senhor. Nós quando muito somos apenas seus servos e servos de nossos irmãos. Não temos o direito de exigir submissão e obediência a nós mesmos. Dizemos aos homens que se submetam a Deus e a ele obedeçam. Não podemos ir, além disso. Esse é o limite do evangelho, o limite da cruz de Cristo.

Temor e submissão somente a Deus são consequências do amor de Deus em nossos corações.

Na epístola de I Coríntios 1, Paulo chama a atenção para um desvio que já se manifestava naquela igreja:

9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor.

10 Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.

11 Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós.

12 Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo.

13 Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?

Na medida em que nos distanciamos do amor de Deus temos a tendência de seguir e exaltar os homens. Lembremo-nos dos israelitas no tempo do juiz Samuel, que ao afastarem-se de Deus passaram a querer um rei. Muitos líderes cristãos tornaram-se verdadeiros reis e muitas denominações em Laodiceia , converteram-se em verdadeiros reinos empresariais.

Essa pode ter sido a razão da seguinte admoestação do Senhor à igreja de Éfeso: Apocalipse 2:4 e 5

4 Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.

5 Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.

Só o arrependimento poderia levar aquele povo de volta ao amor de Deus, o primeiro amor. Mesmo que, naquele momento, ainda não havia se manifestado todos os frutos da perda do primeiro amor, como a prática do nicolaísmo, era urgente a volta as primeiras obras.

Apocalipse 2:6

“Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.”

Apesar da igreja em Éfeso não ter mais o seu primeiro amor e portanto já estar sob a influencia do domínio humano, os frutos deste desvio ainda demorariam aparecer em toda a sua plenitude, portanto eles ainda repudiavam o nicolaísmo. O nicolísmo foi uma prática surgida ainda nos primeiros séculos da igreja, de comercializar as coisas sagradas, tal como vemos hoje em Laodiceia, com a venda de objetos “ungidos” até a manipulação dos dízimos e ofertas a benefício dos “ministérios” e de suas denominações. Parece que uma coisa está relacionada a outra, o domínio humano e a exploração financeira.

I Timóteo 6: 3 a 7

3 Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade,

4 É soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas,

5 Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais.

6 Mas é grande ganho a piedade com contentamento.

7 Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele.

A carta termina com uma promessa aos vencedores:

Apocalipse 2:7 “ Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.”

João 6:35 “ E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.”

Esse é o caminho para a vida de Deus, o retorno ao primeiro amor que a igreja em nossos dias tanto precisa.




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